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 “Mudanças climáticas aceleradas põem em risco a biodiversidade da Terra”, alerta pesquisador do MMA no Pavilhão UNAMAZ na COP 30

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“Mudanças climáticas aceleradas põem em risco a biodiversidade da Terra”, alerta pesquisador do MMA no Pavilhão UNAMAZ na COP 30

A biodiversidade do Planeta Terra tem capacidade de se adaptar às mudanças climáticas. No entanto, quando essas alterações acontecem de forma intensa e acelerada, os recursos naturais correm sério risco de desaparecer. Diante da urgência do tema, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) integra uma mobilização internacional em defesa da sinergia entre as convenções sobre clima, biodiversidade e desertificação, aprovadas na Rio 92.

Essas questões foram discutidas na palestra do professor Braulio Dias, Diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do MMA. A apresentação ocorreu nesta segunda-feira (17/11), no Pavilhão da Associação de Universidades Amazônicas (UNAMAZ) em parceria com a Biotec-Amazônia, durante a COP 30, em Belém.

“A biodiversidade naturalmente consegue se adaptar às mudanças climáticas, mas, se a mudança vem muito rápida, como está acontecendo, a biodiversidade não vai conseguir acompanhar. Esse é o problema”, alerta o professor Braulio Dias. Segundo ele, o resultado pode ser devastador: “Nós vamos ter destruição em massa de flora, fauna e microrganismos”.

O Brasil, país mais rico em biodiversidade no mundo, já possui mais de 5 mil espécies na lista vermelha — as espécies ameaçadas de extinção. “Se houver um pouco mais de pressão climática, poderemos ter muitas extinções”, enfatiza o pesquisador.

O professor destacou ainda impactos recentes das mudanças climáticas no país. No ano passado, uma severa seca seguida de grandes incêndios na Amazônia destruiu extensas áreas de floresta, algumas sem perspectiva de regeneração. O Pantanal também foi atingido, assim como o Rio Grande do Sul, que enfrentou enchentes de grande magnitude.

Segundo Braulio Dias, ações de conservação e restauração são fundamentais para enfrentar essa realidade. A proteção da biodiversidade contribui para o sequestro de carbono e para a mitigação das mudanças climáticas. Ele relembrou que o Brasil mantém um robusto sistema de áreas protegidas e que o MMA possui planos para restaurar 12 milhões de hectares até 2030, priorizando regiões mais degradadas, especialmente na Amazônia.

Ao comentar a oportunidade de discutir o tema no Pavilhão da UNAMAZ, o professor reforçou: “Ao lidar com essa interface entre mudança do clima e biodiversidade, vamos precisar muito da ciência e da produção acadêmica”.

Microrganismos e vida

No painel “Conexão entre as Agendas de Biodiversidade e Clima”, o professor e geneticista Artur Silva, da UFPA e diretor da Associação BioTec-Amazônia, chamou atenção para a necessidade urgente de preservar microrganismos na Amazônia. “Precisamos de mecanismos velozes de prospecção desses microrganismos, diante do avanço de processos que atingem áreas estruturais para a pesquisa científica”, afirmou.

Ele citou um exemplo recente: a descoberta de uma bactéria na área do Utinga, em Belém, que resultou em um artigo científico e despertou o interesse da Sociedade Norte-Americana de Microbiologia. A partir da análise genética desses organismos, podem surgir novos fármacos, cosméticos e outras aplicações industriais.

O advogado Luiz Ricardo Marinelli, também participante do painel, reforçou a importância da conservação: “As indústrias precisam que a biodiversidade esteja muito bem preservada. Não adianta deixar essa responsabilidade apenas para cientistas, governo ou povos e comunidades tradicionais. Sem recursos naturais como matéria-prima, os custos da produção serão muito maiores”.

O professor Carlos Lazary, integrante do Conselho Consultivo da UNAMAZ, concluiu com um alerta contundente: “A mudança do clima está destruindo o patrimônio da natureza, o que pode significar a perda de microrganismos, conhecimentos e de tudo aquilo onde talvez esteja a chave para melhorar a qualidade de vida da humanidade no futuro”.

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